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A mostrar mensagens de 2020

Partidas....

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Voas marginais em devaneios  Salpicos de alma em breve fingir  Trazes nas penas o ruir do vento O fogo que em desalento,  se irá extinguir... Trazes lama no pulsar do peito O grito solto de uma dor por vir, Regressas sempre ao cair do corpo Numa alma que em terreno desconforto Acabará por partir....  

Nasci Outono...

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 Nasci Outono, numa panóplia de cores que me vestia a alma a cada ruga desnuda pelo tempo... Fui enxurrada intrusa entre a montanha e a planície num inverno amanhecido em esquecimento.. Primavera de sonhos, de sorrisos tímidos presos em mil beirais.... Fui tanto de mim em contratempos tão banais.... Desnudei o coração ao ímpeto quente de um sol de Junho... Verão intenso e em cada mão o mundo... Inocência pueril que amanheceu mulher  De todas as estações guarda-se o melhor que ha-de vir. Do corpo à alma, o impulso que nos faz viver.. Regar a vida é deixar os vasos sanguíneos, florir...

Vícios

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Calcorres de cor os antigos vícios  Passos andarilhos  De uma alma só... E nos becos deixas o resquício O olhar vítreo De um velho pó.... E a morte contrafeita de outras eras Do escorbuto das caravelas Intempestiva no seu passo doble Ceifa a voz de tanta despedida  E no seu desdenhar de pouco arrependida Esboça entre lábios o seu riso snob....

Solidões

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 Trago em mim a vertigem de outras eras  A louca inconstância de um dom maior A pele inebriada da fragrância Colhida na minha própria dor... Não levo bagagem de falsas partidas Nem memórias de parcas ilusões Sou paz de uma guerra que julguei vencida Na liberdade apetecida entre solidões...

Eu não sei

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  Eu não sei Essas estradas que percorres a sós  Longe de tudo que te lembra de nós  E o tempo não pára.... Eu não sei,  Esquecer o rosto e talvez a voz As rugas doces no rosto dos avós E a ferida não sara... Talvez...  O amanhã seja de outro sabor A chama acesa no peito o amor Em soberana certeza... Talvez,  A vida dance ao compasso de outro som O sorriso aceso em provocante batom Força da natureza... Vai em frente Deixa o pó da estrada amanhecer Essa certeza de que iremos vencer  O tempo é só uma mudança  Quem não desiste, alcança....

Voa

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 Voa em mim, no deslumbramento Que o tempo me traz da tua essência; Na presença-ausência que me concedes de ti... Voa em mim, o afecto e a sorte Entre seres o meu norte Em tudo o que sobeja de mim....

Acordes de solidão

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Guardo o grito de uma violência calada O afecto sombrio de uma saudade assassina Em prantos talhada à língua viperina De uma alma terrenamente condenada... Não há surtos de tresloucada ambição  Nem devaneios de premeditada loucura Somos o silêncio de uma acordada partitura Ao choro de um violino em acordes de  solidão...

Temporalidades

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 Eram mãos árduas de ausente queixume As lágrimas como sustento para temperar o pão  Dos feixes à cabeça de lenha para o lume  Que nas agruras do destino lhes acalentava o coração.     Esqueciam os sonhos no cultivo da terra  Criando os filhos para sorte melhor Órfãos de um pai engolido na guerra  À mercê de uma sina sem pão nem amor...

Gritos de Liberdade

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Somos prisioneiros de uma voz antiga Uma mente dormente em moralidades subjugada.... Somos do regime a  perfeita cadência  De uma voz que já nasce, por si, amordaçada.... Somos a sequiosa multidão entre abutres  Chupando os ossos da pútrida carne  Somos os corpos em si devolutos  Encarcerados sem qualquer alarde... Escorre lama e sangue entre as pedras da rua  A coragem já gasta de uma alma nua  Mantida a mentiras com sabor de verdade É hora da ousadia se fazer premente  De arrancar os grilhões da mente  E gerar no ventre a nossa liberdade.....

Mosto...

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 Trago borboletas a voltejarem-me a pele, bebendo-me o suor de cada poro, e não há respingos pálidos no brilho da tez, apenas o sorriso meigo que irradia em pleno do meu rosto..... e nos lábios o delicado aroma,  que se despe em harmonia do meu seio, a melodia perfumada de um vinho antigo, com aroma de poesia misturada no mosto....

Degustação

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A cada nova madrugada  Sabe-me a boca ao teu sorriso.  O beijo picante indeciso,  O travo doce sobre a pele salgada.  Pincelas-me em desejo o coração  A fragrância baunilhada dos teus olhos  Que me confitam os sonhos Em merengue tentação...

Carícias nuas...

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  Roubei-te aos devaneios de uma sombra Que me mordia a pele,  Entre o silêncio e a loucura, o toque que me imprimia em desassossego a alma.... Guardei-te no brilho de repetidas luas, No sol de praias de carícias nuas, A promessa de duas línguas que se devoram....

Laços

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 Deixei de correr atrás das sombras  De um já gasto caminho  Temos que aceitar as escolhas  Que nos impõe o destino...  Talvez os passos que se afastam  Sejam de libertação e desapego De mostrar que no avanço da idade  Se desafia a liberdade, face ao medo...  Talvez não seja a escolha mais justa O enlace mais sensato e mais forte, Pois há laços que a pele borda na alma Face à eternidade que vence a própria morte...

Olhar...

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 Abarcas-me a alma Em todos os desassossegos Que ao sonho injectam os medos  De uma paz que não me acalma.... E há na tua pele uma azáfama de palavras Que se moldam ao silêncio de uma calada dor Transportas no peito em poesia e amor  A revolta das Trindades em cruas lágrimas...

Descartados

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  Carrego um livro no meu rosto Cada ruga é uma página amassada Por um velho remorso... Trago nos olhos a preto e branco a rodagem um velho filme Descolorido pelo desencanto... Só há um nome porque somos chamados, Nós, os velhos, os sem-abrigo,  Os rejeitados... Somos a sociedade do descarte, Aqueles que o mundo ignora, Fazendo de nós um mundo à parte.... Cheguei a esta vida sem nada,  fui apenas pedra na calçada,  Fiz da ilusão a minha verdade... Já nada faz em mim sentido Sou do vento o mais fiel amigo, A alma que chama à morte, liberdade.

Perdeu

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 Embala-me o silêncio  De tantos caminhos sós Os passos de um segredo  Que nos emudece a voz.... Frágeis nós que entre os dedos  Nos agarram firme a mão Abafam-nos os medos  No bombear do coração... E perdeu, O que ao mundo não se deu Entre mares buscou os céus... E perdeu,  Na escuridão das ondas  O remoer de tantas sombras  No seu mais secreto adeus... (Foto: caminhos da noite de João Lebre)

Desventura

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 Já não me apraz escrever São vazios sincopados de uma história que já não é tua... São gritos infames de uma vã e intrínseca loucura.... Que me masca o sentimento de uma febre já sem cura... E ninguém ouve, ninguém quer saber. A lágrima rasga o rosto num devaneio poético de amargura,  São silêncios que a derrota no peito emoldura. E o esquecimento que foi saudade e hoje é só desventura....

Insónia

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 Serena entre a vigília e o sono  A decrépita insónia assassina Turva-me a memória sem réstia de sonho Numa madrugada já de si sombria... Desenham-se incertezas nas paredes do quarto Tela de sombras chinesas envoltas em maresia  E os meus olhos repousam na dor da cruel abstinência  De um descanso que se esfuma em poesia...

Último canto

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 Desfiz o olhar em mágoas choradas À mercê de um último adeus Nas dobras de bocas fechadas Selando sagradas pedaços de céus... Calei o silêncio por entre as pedras Nos vultos já gastos de uma saudade E nesta morte quase envolta em terra Deixei florir em mim a liberdade.

Indecisão

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Sepultura

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 Sou turbilhão de uma fúria surda,  O silêncio que no peito abriu asa Apagou os passos de regresso a casa na voz que aos teus ouvidos quedou muda. Não trago mais lágrimas comigo  Sou o esquecimento de um desnorte A vontade dos senhores da morte  Que me sepultam ainda vivo.

Reflexos

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Cansei-me de viver a vida nos reflexos de um espelho demasiado partido, Um mundo virado do avesso que já não faz sentido. Fui tanto de esperanças, em ocas promessas De um cadafalso, onde pendurei a corda ao pescoço, sem noção de me ter perdido. Hoje acordo deste caminho sem retorno. Na solidão de um prepositado abandono Onde pensei ser feliz contigo. Não sei quantas gotas de ti levo no peito O sentimento soprou-se no vento, desfeito Voei de alma plana para um novo destino.
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Ergue-te

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Ergue-te mesmo por entre as lágrimas E o sangrar das feridas... Resiste à faca fria das hipocrisias Não é o apertar do terço na mão Que define o tamanho da fé, Ergue-te, sem importar o  tamanho das lâminas Mas não refaças o caminho Não é o trilho de sangue que marca o destino O futuro é feito pelo próprio pé.

Vida a dois

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Descrevo no teu rosto, as palavras que em esforço, se acumulam no meu peito...abre as asas cavalo alado, a fúria de um sentimento apressado, que se aninha sobre o leito. A pele que estala na maciez da língua, que envolta em saliva, entre poros Injecta a alma aos corações. O abraço que em alta voltagem, na adrenalina da viagem, tatua uma vida a dois.

Á memória da minha doce Avó Glória

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À memória da minha doce Avó Glória... Quando as cicatrizes que camuflamos na pele nos gritam dentro do peito... Trago no peito sulcos velhos de saudades e as lágrimas antigas de um chorar tão novo. Talvez haja em mim a persistência quase crua das memórias. De fruir o tempo numa caixa de Pandora que nem a ousadia insana da demência se permite a abrir. E tem sido assim este meu emaranhado de poemas, penas velhas entre açucenas, lápides lavadas em rios de saudade crua. Todos os dias me perco um pouco mais entre os socalcos dessa desventura, o manto premeditado da morte, que nos desafia a resiliência de agarrarmos a vida. Todos os dias trago os minutos na pele contados pela minuciosidade de um tempo que em enfermidades se esgota à loucura pronunciada e consentida de te guardar na memória dos afectos, de filhos que geraram netos entre as rugas sábias da tua eterna formosura. Transmuta-se em mim o esplendor do sol na prata fria da lua, e o punhal aceso que ao peito me arranca a desventur

Barco á deriva

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Prefiro a solidão soprada pelo vento Á realidade fria que me apunhala a mente Em mais uma ferida a peito aberto, transparente O sangue lacre que me sela a vida... Talvez me veja escrava de um tempo Em lágrimas de um mar, em mim permanente Deixar amarras que me tornam constante No embalo de um barco sempre à deriva...

Senil(idade)

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Talvez a pele seja o livro Mais manuseado pela memória O sangue, suor e lágrimas Que contam a nossa história... Talvez a rugosidade da vida Nos suprima à contagem dos tempos Em braços que já não alcançam filhos No frágil alicerce dos afectos... Sucumbem os sonhos ao pesar dos anos Na nebulosidade presa no cinzento olhar Vozes erguidas sobre os desenganos Que a lei do mundo quer silenciar... A morada assente em sete palmos de chão A alma ausente em pobre corpo insano... Deixamos de dar lucro ao bicho papão Que nos sugou a vida até ao tutano...

Insónias

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Misto de insónias e sonhos crus Devaneios de alma em teu despertar Mistério e desejo sobre o corpo nu A volúpia suave que me faz acordar. E nesta noite fria e escura Em que o teu abraço me detém Eu serei eternamente tua Tua e de mais ninguém.

Querida Mãe ...

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AMOR DE MÃE  Oh! Mãe que o tempo acende na alvorada Que desponta em cada raio de luar Como chama acesa em noite escura Como da casa a pedra angular. Tuas vestes voam sobre o vento Esfarrapas as mãos a trabalhar O pão com que alimentas os teus filhos Que quase nunca chegas a provar. Matas a sede com lágrimas No peito aflito com medo da perda Dos filhos que soltas num grito Quando tos engole o pó da terra. E do dia não separas a noite Porque a morte espreita dessa esquina Onde tu guardas os teus rebentos Como se lhes quisesses mudar a sina. E o luto suga-te o corpo Desenha-se no rosto como tatuagem Porque mãe nenhuma esquece um filho Ou se separa dele na última viagem.

Virgem Mãe

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Virgem Mãe, Que do cimo da Azinheira, Desceste ao reduto dos pequeninos, e nos seus corações aflitos semeaste em humildade uma fé verdadeira… Rainha pelos Céus coroada, Em raios de uma ternurenta Luz, Teus filhos adotivos eternamente Proclamam o teu sim obediente, O amor gratuito do teu ventre, Jesus….

O primeiro dia... Do resto das nossas vidas

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Andamos entre teias, em bicos de pés sem meias, que em noites de lua cheia, nos roubou a solidão... Fomos fogo-fátuo de um incógnito paraíso, a descoberta de um mútuo sorriso, no embalo da tua alma no meu coração.

Despedida

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Abro a gaiola do coração ao sentimento. Já não faz sentido o incerto. A ausência que se demora. Na pele o toque adormecido. Renasce de saudade vestido. No corpo que a alma devora. Expande as asas fora do peito Num voo raso em defeito Na lágrima que já não voa. Despeço-me de ti, amor ausente Resta a seiva ainda quente Da promessa que se quebra nua. Parte-se a âncora ao destino Juntos não somos caminho Somos sol e lua.

Bossa da despedida

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Foi bom, o que foi e já não é Se só se mexe um pé Nunca mais se avança a estrada. São estrelas que o horizonte acendeu Talvez se iluda o céu Numa nova madrugada. São cinzas de um beijo que ardeu Desejo que a pele despiu No afago da saudade. Ausências que levo em desconforto Despede-te do meu corpo Injecta-me a liberdade.

Bossa só

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Estou só A solidão é o meu pranto Vivo neste deserto Como os ponteiros do tempo. Estou só E tudo me faz vazio O corpo a tiritar de frio Treme a voz ao sentimento. És pássaro de fogo Alma alada Eu sou alma amarrotada Que não quis voar no vento. És tu, a razão do meu tormento Nao te vejo já faz tempo E a saudade marca a hora. E se o meu olhar cruzar no teu Dispo no meu corpo o céu E mando a solidão embora.

Aguarela

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Plantei nos poros da pele atrevida Entre a seiva da vida Os mais mais mansos pinhais... O canto dos pássaros em surdina A melodia que a alma arrepia No embalo doce dos madrigais... E o vento soprando em defeito O porte altivo do bater asas no peito A liberdade que por fim se rebela E num piscar de olhos fica na retina A dualidade entre a morte e a vida No traço preciso de uma aguarela...

Eternamente tua

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Será que me lês em cada verso lento do meu penar? Não há fogo que me incendeie o corpo na tua ausência, apenas a ilusão física do teu toque na minha demência. E a loucura trapasseira de uma vontade inata de te olhar nos olhos, numa ternura impossível de imaginar. Não partas que contigo parte-se meu coração...não saias que contigo minhas saias se arrastam pela lama...não há melodia sem canção, nem despedida para quem ama...esperar-te-ei sempre naquele pontão iluminado pela lua, onde sou eternamente tua, e não serei de mais ninguém...

Velho fantasma em hibernação

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Percorre a rua sobre as minhas penas, a sangue e lacre que escorre em gotas amenas sobre a folha de papel...Há desenhos que em traços rugosos nos arranham em esforço a pele. A tinta embutida nos poros, a ausência ténue dos contornos no mata-borrão. Talvez voasse se a neblina se dissipasse sobre a cegueira crua do deserto. Talvez o espaço arrumado no peito fosse um mergulho mais certo, à moradia de um velho fantasma em hibernação.

Beijo

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Era ardente e quase cru, a ardência desse beijo pirâmides de um vulto nu amarrado ao meu desejo.... era cinzento e sombrio em cores talhadas em prosa o toque do lábio macio no corpo coberto de rosas... era sagrado e profano demente, cruel, suícida um beijo que quase nos mata e nos renasce para a vida....

Loucuras momentâneas

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Esqueci-me de perguntar as horas ao passar pela torre das minhas badaladas dores. Esqueci-me de enterrar os meus mortos na sepultura da minha alma e ainda os trago comigo na memória simples de um eterno afecto. Esqueci-me porque o silêncio me tolda a mente numa miscelânea atempada de momentos inconscientes face ao desprendimento de mim. E a loucura? Onde personifico a loucura senão no vocábulo entorpecido do meu ego. O ego vil que me renega quando no despero das palavras o obrigo a confessar a ideotice paralela a que assiste impávido e sereno no confronto directo com o espelho da multidão. Que ironia a minha. Querer abraçar o mundo apenas com o olhar. Se a ilusão óptica não me fizesse acordar para esta realidade medonha que nem os braços abarcam. Como podes Tu cruel timoneiro deixar-me cair ao mar? Como podes tu desterrar-me de impaciências nesse mar que me suga para todo o sempre como se voltasse às entranhas de minha Mãe? Como podes Tu criar ilusões alegóricas de teorias infundadas

Tempo

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Sei que o teu tempo não é meu ...o reflexo dos teus braços são ausência sobre o corpo, e tatua-se nas horas uma saudade em peso morto. Uma estrada feita só de ida, uma espera que se quebra sem norte, nos contornos dos teus olhos delineados a despedida....É um amor que em controvérsia se fez pó e fome. E em todos os vendavais que em ti semeiam o silêncio, já nenhum chama pelo meu nome.

Voa...

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Por entre os telhados partidos desta alma onde encontraste saída. O voo raso que em medo ao desassossego então se fez despedida. Não há ilusões prescritas à lucidez que me acompanha, serei sempre o vento e a chama, da tua guarida. A contradição que ao coração abre a ferida, a lágrima ao sangue, o suor em desejo frio, a dor face ao amor rumo ao vazio. O fosso do tempo na lágrima da saudade. Voa, deixa as correntes neste corpo que já não te prende e ruma à liberdade....

Penas

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Não recolhas as penas dos pedaços que partiste, guarda apenas os momentos em que sorriste, e as horas em que amaste. O tempo se encarrega de te dar um novo céu, onde novos  sonhos florescem entre o olhar teu e as lágrimas que derramaste..

Engrenagens

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Secretos silêncios a tamborilar entre os dedos, O olhar que se espelha entre deslumbrados mundos, a sofreguidão de todos os medos Á mercê de erros, em devaneios profundos... A alma rebelde extravasa os quadris, O corpo aguenta a dura engrenagem, E sem se atrever a sair dos carris,  vai arriscando sempre uma última viagem...

Temporalidades

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Aceitamos do outro o passado, porque vem de uma temporalidade que não é nossa. Coexiste num espaço que inevitavelmente nos pertence, sem nos pertencer. E nesse espaço depositamos o enredo dos dramas reais que nos abanam a ilusão, e nos acordam para o quanto caminhámos sem chão, na esperança de suster o insustentável. Talvez seja hora de abandonar o caminho, regressa à boca a náusea do vazio no peito, a solidão por defeito, nos trilhos que me devolvem à raiz do nada, dos passos que se apagam no pó da estrada.

Amor a prestações entre segredos e raras madrugadas...

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Amo-te a prestações entre o segredo que só partilhamos os dois entre o brilho quente da lua em raras madrugadas. Mas o amor, por vezes, é uma submersão adversa que nos empurra contra a corrente até nos faltar o ar. Não há sossego no desassossego premente de cada golfada, sugada à pressa, de uma réstia de fé num misto de impaciência. Mas será o amor elevado à extrema potência, um percalço inacabado e de conflitos internos, em constante sobrevivência? Ou será apenas a vivência que em reflexos de uma magia densa compensamos no outro? O tempo é um carrasco apressado e indigente. O tempo de um tempo, sem tempo, que a tempo, não nos diz nada. O tempo que nos desacerta, nos ponteiros apressados, e nos faz passar de raspão pela vida dos outros. O tempo soberano e intransigente que nos comanda, num passo que de incerto erra a estrada. Alguma vez o tempo me voltará a consentir cruzar meus passos contigo? O mesmo céu e o mesmo chão, o fogo da terra sob o bafo frio da extinta solidão? Não, na

Penas de alma

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Talvez sejam só nevralgias paralelas aos devaneios, que em mim tecem em saudades, as penas da minha alma. Talvez, o sobranceiro erro contornado ao pecado, que em negro se adoça, à tentação de encurtar a distância, a simbiose de uma nova fragrância, o suor doce, que escorre sobre a pele amada.

Névoas

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Todas as dores

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Trago em mim imensos rios a extravasar as margens, perdi a mãe coragem de todas as viagens, e já nada parece valer a pena.... Trago combustões sinceras à flor da pele Sou um travo misto de amargo mel, Numa panóplia de emoções amenas.... Mas hoje sou todas as dores em vis labaredas A terra que me engole ao abrir-se o chão, As lágrimas sobre o rosto em vertigens serenas E alma sufocada por tanta ilusão....

Ode triunfal...

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Segredos de uma pele em dobras cinzenta No ardor da ironia da terra sangrenta, Polvilhas os filhos com a crença materna O seio descaído sobre as mãos da guerra.... E trazes entre rugas a sabedoria ancestral De um povo que em memória, vingou a história, ode triunfal.