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A mostrar mensagens de março, 2020

Cadências de alma em vertigens de dois corações

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Somos os tormentos paralelos de uma raiva em uníssono contida. Corremos os rios de mosto, as estradas em fogo posto, sob os candeeiros da avenida. Somos os vitrais das montras matutinas, as pedras já polidas pelas varinas, no pregão que se fez eco sobre o vento. Somos a liberdade de uma escolha que à vontade deu asas ao sentimento. O bater das ondas sobre o corpo, o despido frio, face ao desconforto, da nudez que pelos ombros nos abraça. Somos na pele o arrepio, num toque consentido e meigo desafio, do vento intruso pela vidraça. Somos os parcos passados inquietos, de um riso escancarado verso, de um segredo que se tornou sossego ao toque da pele deposto. A chama quase altiva, que devora na intensidade da vida, a timidez ao rosto. Somos o pretexto desconexo, da moeda o reverso, entre as pétalas que se desfolham ao sopro do Outono. Somos as luzes de inquietas sombras, a dança dos reflexos entre as formas, as geométricas incógnitas que se desenham pelo pó da terra. Somos a destemida pa
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Amar sem lei Vejo-te passar por entre os respingos dessa chuva fria acordando o corpo quente. Nada em mim desagua tão facilmente como o desejo inacabado de ti, nesta mente que te sonha em suspiros de um prazer alarve e mundano. Inspiras-me o desassossego de uma loucura premente entre a tua pele e a minha; numa languidez exacerbada a um toque que me queima sem me tocar, a língua viperina que me apimenta a saliva a cada beijo. Somos a instância selvagem que nos sacia em cada golfada de nós; a loucura e a exaustão, saliva, suor e degustação. Desejo. A fruição desajeitada de um amor que se derrete num calor escondido em vertigens no meu peito. Não posso dar-me ao luxo de escancarar ao vento a tórrida eloquência de te amar sob um chão de estrelas banhadas pela lua. A maciez tentadora da pele na pele. O afago desmedido que me enlouquece num esquecimento de mim. És tão real quanto hipotético. E eu quero-te nos desejos sequiosos da terra árida face à chuva. Quero-te em todos os impossív

Barro da verdade

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Trago em mim tantos invernos a sós Palavras que na garganta viram nós No silêncio que me estrangula a saudade... Sei de cor as lágrimas que inundam os poros As incertezas de momentos irrisórios De promessas vãs de uma eterna liberdade... Mas há em mim o desafio dessa luta Beber em tragos largos a amarga labuta Desta vida envenenada em maldade... Não me importa os olhares que me sugam As cicatrizes que na pele me tatuam Sou feita do barro da verdade..
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Escrevo silêncios nas pedras das ruas Dispo segredos de palavras nuas E o resto é saudade... Encavalitada nas dobras da memória Destruo mentiras, cavalos de Tróia Voo em liberdade... E se a cada abraço se molda no rosto O traço do beijo sabendo a mosto Embriagado de paixão... Se ao espraiar do corpo no mar da alma Arrepia-se a pele à melodia alada De um amor escrito canção (inacabada)...

Liberdade

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Voa de mão dada com o vento Que o passado é fogo lento E eu só quero incendiar  A alma de mil tormentos Em rasgos de esquecimentos Sou mais fúria do que mar... Corre o sangue à flor da pele O amargo doce fel No peito cravado a lâminas Injecto a voz ao grito mudo Morre passado vagabundo Ausente das minhas lágrimas...