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A mostrar mensagens de julho, 2020

Reflexos

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Cansei-me de viver a vida nos reflexos de um espelho demasiado partido, Um mundo virado do avesso que já não faz sentido. Fui tanto de esperanças, em ocas promessas De um cadafalso, onde pendurei a corda ao pescoço, sem noção de me ter perdido. Hoje acordo deste caminho sem retorno. Na solidão de um prepositado abandono Onde pensei ser feliz contigo. Não sei quantas gotas de ti levo no peito O sentimento soprou-se no vento, desfeito Voei de alma plana para um novo destino.
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Ergue-te

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Ergue-te mesmo por entre as lágrimas E o sangrar das feridas... Resiste à faca fria das hipocrisias Não é o apertar do terço na mão Que define o tamanho da fé, Ergue-te, sem importar o  tamanho das lâminas Mas não refaças o caminho Não é o trilho de sangue que marca o destino O futuro é feito pelo próprio pé.

Vida a dois

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Descrevo no teu rosto, as palavras que em esforço, se acumulam no meu peito...abre as asas cavalo alado, a fúria de um sentimento apressado, que se aninha sobre o leito. A pele que estala na maciez da língua, que envolta em saliva, entre poros Injecta a alma aos corações. O abraço que em alta voltagem, na adrenalina da viagem, tatua uma vida a dois.

Á memória da minha doce Avó Glória

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À memória da minha doce Avó Glória... Quando as cicatrizes que camuflamos na pele nos gritam dentro do peito... Trago no peito sulcos velhos de saudades e as lágrimas antigas de um chorar tão novo. Talvez haja em mim a persistência quase crua das memórias. De fruir o tempo numa caixa de Pandora que nem a ousadia insana da demência se permite a abrir. E tem sido assim este meu emaranhado de poemas, penas velhas entre açucenas, lápides lavadas em rios de saudade crua. Todos os dias me perco um pouco mais entre os socalcos dessa desventura, o manto premeditado da morte, que nos desafia a resiliência de agarrarmos a vida. Todos os dias trago os minutos na pele contados pela minuciosidade de um tempo que em enfermidades se esgota à loucura pronunciada e consentida de te guardar na memória dos afectos, de filhos que geraram netos entre as rugas sábias da tua eterna formosura. Transmuta-se em mim o esplendor do sol na prata fria da lua, e o punhal aceso que ao peito me arranca a desventur

Barco á deriva

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Prefiro a solidão soprada pelo vento Á realidade fria que me apunhala a mente Em mais uma ferida a peito aberto, transparente O sangue lacre que me sela a vida... Talvez me veja escrava de um tempo Em lágrimas de um mar, em mim permanente Deixar amarras que me tornam constante No embalo de um barco sempre à deriva...

Senil(idade)

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Talvez a pele seja o livro Mais manuseado pela memória O sangue, suor e lágrimas Que contam a nossa história... Talvez a rugosidade da vida Nos suprima à contagem dos tempos Em braços que já não alcançam filhos No frágil alicerce dos afectos... Sucumbem os sonhos ao pesar dos anos Na nebulosidade presa no cinzento olhar Vozes erguidas sobre os desenganos Que a lei do mundo quer silenciar... A morada assente em sete palmos de chão A alma ausente em pobre corpo insano... Deixamos de dar lucro ao bicho papão Que nos sugou a vida até ao tutano...

Insónias

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Misto de insónias e sonhos crus Devaneios de alma em teu despertar Mistério e desejo sobre o corpo nu A volúpia suave que me faz acordar. E nesta noite fria e escura Em que o teu abraço me detém Eu serei eternamente tua Tua e de mais ninguém.

Querida Mãe ...

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AMOR DE MÃE  Oh! Mãe que o tempo acende na alvorada Que desponta em cada raio de luar Como chama acesa em noite escura Como da casa a pedra angular. Tuas vestes voam sobre o vento Esfarrapas as mãos a trabalhar O pão com que alimentas os teus filhos Que quase nunca chegas a provar. Matas a sede com lágrimas No peito aflito com medo da perda Dos filhos que soltas num grito Quando tos engole o pó da terra. E do dia não separas a noite Porque a morte espreita dessa esquina Onde tu guardas os teus rebentos Como se lhes quisesses mudar a sina. E o luto suga-te o corpo Desenha-se no rosto como tatuagem Porque mãe nenhuma esquece um filho Ou se separa dele na última viagem.

Virgem Mãe

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Virgem Mãe, Que do cimo da Azinheira, Desceste ao reduto dos pequeninos, e nos seus corações aflitos semeaste em humildade uma fé verdadeira… Rainha pelos Céus coroada, Em raios de uma ternurenta Luz, Teus filhos adotivos eternamente Proclamam o teu sim obediente, O amor gratuito do teu ventre, Jesus….

O primeiro dia... Do resto das nossas vidas

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Andamos entre teias, em bicos de pés sem meias, que em noites de lua cheia, nos roubou a solidão... Fomos fogo-fátuo de um incógnito paraíso, a descoberta de um mútuo sorriso, no embalo da tua alma no meu coração.