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A mostrar mensagens de janeiro, 2018

Entre nadas...

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Desceu  a rua entre dois passeios paralelos à sua própria e sombria alma. Nada lhe restava dizer, a não ser o eco mudo nas suas entranhas, remoendo a luz fronteiriça das persianas do olhar. Nada, reflectiu. Nada que  pudesse ser tão absurdo como pescar pássaros à sombra de uma nuvem. Nada que pudesse dilatar o âmago dessa loucura em vias de expansão. Nada a não ser a repulsa no olhar alheio, espreitando entre frechas do seu próprio corpo, emoldurado a nu.

Desígnios da má vontade

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Desígnios Quantas fontes se edificam sobre o mar Sobre o vulto das águas manchadas de sangue No prenúncio dessa noite tão próxima e distante Que ninguém ousou chorar? Quantos homens são precisos nessa guerra Nessa louca dependência que nos cega, Nessa subtileza mordaz Lutar pela utopia, pela paz Pelo pão que semeamos nesta terra?

Melodia

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Sei, entre o espaço que serei O fim que depositei Nos passos que não errei Em ti... Não recordo o abandono De uma noite sem sono O trajecto sem dono Em mim... A força que nos demora Entre o minuto e a hora O desejo que devora A voz... O silêncio corre agora Sem passado nem memória O tempo que já não mora Em nós.

A catadura do egoísmo numa ingrata loucura

Calcorro o deserto de um tempo que de ido, se foi. Não há réstia de uma lembrança parca à mercê desmedida de um tempo que em si se deteve egoísta, por um capricho próprio que lhe negou o prazer. Já não há facadas que há traição me façam morrer. Sou o libertino silêncio das cinzas de tantas palavras suicidas que já não servem a ninguém. Sou o livre arbítrio de um respeitável vício que de obrigação nada tem. Não remordo o lábio ao remorso que não existiu face à consciência leve, de um breve suspiro que me impediu de partir. Pulsa o sangue escarlate que se despe entre a face do que por fim há-de vir. Não recoso feridas que o tempo deixou de ferir. Não me perco pelos labirintos de promessas vãs em que o silêncio deixou metas por cumprir. Sou o ponto intermédio do que veio e do que há-de existir. A ponte ténue entre o passado e o futuro que nada será, senão presente. Talvez a loucura atrevida ou desmedida de alguém que não existe, mas mente. Mente a coragem que se envolve em cobardia. A esp

Ninho

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Sobeja em quezílias de esplendor A miragem de um doce e terno amor Que a fogo e ferros de mim, despi.... Nos silêncios que se aninham no regaço, Entre as dores e o cansaço De tudo o que de mim, perdi....

Esquecimento....

Quiseste-me em segredo Nas entrelinhas descosidas de desejo E eu entreguei-me a medo Para não quebrar o segredo Que envolvia o nosso beijo... Hoje parto em segredo sem saberes de mim... Não te revelo o destino Nem as pedras do caminho Nem porque escolhi o nosso fim... Saberás com o tempo a minha cadência Sem rumo saberás que parti Não me acuses pela tua ausência Quando te lembrares de mim... Eu já te esqueci...