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A mostrar mensagens de maio, 2020

Todas as dores

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Trago em mim imensos rios a extravasar as margens, perdi a mãe coragem de todas as viagens, e já nada parece valer a pena.... Trago combustões sinceras à flor da pele Sou um travo misto de amargo mel, Numa panóplia de emoções amenas.... Mas hoje sou todas as dores em vis labaredas A terra que me engole ao abrir-se o chão, As lágrimas sobre o rosto em vertigens serenas E alma sufocada por tanta ilusão....

Ode triunfal...

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Segredos de uma pele em dobras cinzenta No ardor da ironia da terra sangrenta, Polvilhas os filhos com a crença materna O seio descaído sobre as mãos da guerra.... E trazes entre rugas a sabedoria ancestral De um povo que em memória, vingou a história, ode triunfal.

Destinos

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Gravitamos entre as orlas de uma floresta  que em nós se tornou numa escassez sombria. O frémito louco de um respirar aflito. E no pulsar do sangue no peito, o cheiro pútrido à terra, num vómito consentido e doentio. A campa rasa e lamacenta, que construímos num egoísmo que nos sepulta até à extinção. Somos a história pré-destinada de um destino traçado pela própria mão.

Canção da saudade

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Sei que há espaços Na saudade dos abraços Que tatuamos nos braços De um tempo que em nós doeu... Sei que há lágrimas Nas entrelinhas das páginas De palavras feito lâminas Do que em sangue se escreveu... Levaste-me o chão As promessas clandestinas Entre as tuas mãos e as minhas No embalo da razão... Levaste-me o chão Dos sonhos que então tecemos Entre medos e segredos Assaltos ao coração... Sei que há noites Entre a luz e os seus acordes O gelo de mil fiordes E o pé descalço na estrada... Sei que há dias Em que choro melodias Memórias em poesias Dores de alma em madrugada....

Amarras...

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Sangra-me o silêncio Em revoltas andarilhas A sombra de mil tormentos Em vertigens à pele consentidas... Rasga-se-me a alma em lençóis Em águas de prantos não chorados Coração em rotação de mil sóis De palavras em segredos mascarados... E tudo é um vil teatro de emoções Pretextos em ausências tão minhas Amarras de sonhos em ebulições De vultos ao deambular pelas esquinas...

Viana és amor...

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Quis Deus que o amor Fosse um bem maior Rosto em alegria Em contas Viana Enfeitada chama O Povo à romaria Em roca afiada No tear moldada Teu corpo se fia regresso do mar seu singelo lar Senhora da Agonia Viana és amor A mais bela flor Abrindo ao sol No vento baila Tua rodada saia Luz de um farol Praia ao relento Barco ao vento Espuma de mar Viana tu sentes É as tuas gentes Que quero cantar. Face rosada Pele bronzeada Em dourado manto Cidade bordada Por mãos de fada Em prendado encanto Segura o arado A mão do teu fado Povo guerreiro Labuta o sustento Entre mar e vento Povo marinheiro... Viana és folclore Tradição, amor Prometida folia As Mordomas tuas Desfilam pelas ruas Espalhando magia Trazem ao peito Em ouro feito O teu coração Viana és altar Pro povo te amar Em fiel devoção

Raios Parta a Miúda (homenagem à Vareira Portuense)

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Desce os degraus Da escada de pau Da casa já velha Sai porta fora Madrugada que acorda O cais da ribeira. E o seu destino Herdado no bingo Da sorte da mãe Desde rapariga Vendendo petinga Não lembra a ninguém. Quis correr mundo Um sonho profundo Que não quis acordar Correndo os carris Pensou ser Paris Que a ia abraçar O eléctrico apinhado Voltou com cuidado Ao mesmo lugar E ela entendeu Que o destino a devolveu Onde tinha de estar. Seu corpo é guerra Sangue na guelra Brilho no olhar Raios parta a miúda Sardinha graúda Às voltas no mar Voltou à ribeira Mulher aventureira Coração partido Pediu a S. João Sua intercessão Para arranjar um marido. Arranjou namorado Mas o pobre coitado Morava em pensão Mal tinha dinheiro Era um triste foleiro De profissão. E a mãe se os vê Os dois ao pé Rompe em gritaria E ela envergonhada Some-se em nada Tal é arrelia. Se o desejo a segue Não há quem a leve A soltar um ai E a mãe zangada Diz que