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A mostrar mensagens de junho, 2018

Pardas Madrugadas

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Escrevemos versos a duas mãos, entre duas almas e um só coração, nas horas pardas da madrugada. Fomos eternos sem horizonte, em fios de mar sobre a terna noite, e o tudo se transformou em nada. Talvez recoser a ferida já não cause dor, perdemos o chão por o saber de cor, pois na despedida não se erra a estrada.

Velho fantasma em hibernação

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Percorre a rua sobre as minhas penas, a sangue e lacre que escorre em gotas amenas sobre a folha de papel...Há desenhos que em traços rugosos nos arranham em esforço a pele. A tinta embutida nos poros, a ausência ténue dos contornos no mata-borrão. Talvez voasse se a neblina se dissipasse sobre a cegueira crua do deserto. Talvez o espaço arrumado no peito fosse um mergulho mais certo, à moradia de um velho fantasma em hibernação.

Despedida

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Abro a gaiola do coração ao sentimento. Já não faz sentido o incerto. A ausência que se demora. Na pele o toque adormecido. Renasce de saudade vestido. No corpo que a alma devora. Expande as asas fora do peito Num voo raso em defeito Na lágrima que já não voa. Despeço-me de ti, amor ausente Resta a seiva ainda quente Da promessa que se quebra nua. Parte-se a âncora ao destino Juntos não somos caminho Somos sol e lua.

Bossa da despedida

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Foi bom, o que foi e já não é Se só se mexe um pé Nunca mais se avança a estrada. São estrelas que o horizonte acendeu Talvez se iluda o céu Numa nova madrugada. São cinzas de um beijo que ardeu Desejo que a pele despiu No afago da saudade. Ausências que levo em desconforto Despede-te do meu corpo Injecta-me a liberdade.

Ao meu querido Pai

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Desafio o tempo a me dar tempo para partilhar contigo. O tempo que a mero merecimento se torna escasso, na partilha desmedida do abraço com que em gratidão te agradeço a vida. A reviravolta das lembranças que me arrancas a cada novo trejeito que o teu rosto ganha ao ser esculpido pelo tempo. O perfeito traço que se desenha em ruga sobre o rosto, quando ao tempo a idade já não perdoa. A trama de um silêncio que conheço de cor, quando na vertigem do cansaço, se aninha sem espaço, as memórias que em afecto se tecem no coração, num amor devocional e gratuito, de quem correu mundo para que o nosso mundo fosse melhor. Quem por intempéries e lágrimas escondidas nos fez ganhar vida e ser alguém. Não há amor maior, para o qual não se consegue medir o valor, nem a doação por inteiro, de alguém que se fez esteio e na partilha nos deu um chão, um tecto, uma mesa e um lar. Não há gratidão que se meça ao sentimento. Não há dedicação que chegue, a quem se despiu de si, para vestir os filhos. A quem a

Caminho

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Com o tempo aprendi a amordaçar a dor e a calar a mágoa que impele a ira nas palavras. Sou brisa de um vento ameno que se esconde em convulsões nervosas. Trago comigo tempestades invernosas e devaneios só meus. Adormeço entre os abraços das palavras que me desarmam na meiguice terna de um sincero olhar. Vento e mar. O calor do sol na pele à tonalidade salgada dos afectos. Sou a perpendicular em caminhos paralelos. A vertigem da promessa entre segredos. O suor de uma batalha interior que nos espicaça a alma. A impaciência precoce da calma. Talvez os pés sejam apenas parte da história de um caminho, que entre os silêncios do tempo, tinha de ser cumprido...

Voa...

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Voa... Por entre os telhados partidos desta alma onde encontraste saída. O voo raso que em medo ao desassossego então se fez despedida. Não há ilusões prescritas à lucidez que me acompanha, serei sempre o vento e a chama, da tua guarida. A contradição que ao coração abre a ferida, a lágrima ao sangue, o suor em desejo frio, a dor face ao amor rumo ao vazio. O fosso do tempo na lágrima da saudade. Voa, deixa as correntes neste corpo que já não te prende e ruma à liberdade....

Doces penas

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Não recolhas as penas dos pedaços que partiste, guarda apenas os momentos em que sorriste, e as horas em que amaste. O tempo se encarrega de te dar um novo céu, onde novos  sonhos florescem entre o olhar teu e as lágrimas que derramaste.

Amor sem preconceitos

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Talvez eu tenha tempo de pendurar na lua os retratos que de ti trago no peito. A sombra de uma luz difusa que nos contornos da pele nua balança intrusa nos poros. A neblina, de uma catarata escondida, em queda frenética sobre os olhos. E a alma nas memórias entretida, a gota ténue da vida, o amor sem qualquer  preconceito.

Noites sós...

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É o eco do silêncio compassado ao esquecimento de tanto que fomos, e agora roubamos aos sonhos, tantas noites sós. O coração sem sobressaltos aos espaços, que na ausência dos abraços, se despiram de nós. Ficam os passos na estrada e a magia que em nada,  se transformou. 

Temporalidades

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Aceitamos do outro o passado, porque vem de uma temporalidade que não é nossa. Coexiste num espaço que inevitavelmente nos pertence, sem nos pertencer. E nesse espaço depositamos o enredo dos dramas reais que nos abanam a ilusão, e nos acordam para o quanto caminhámos sem chão, na esperança de suster o insustentável. Talvez seja hora de abandonar o caminho, regressa à boca a náusea do vazio no peito, a solidão por defeito, nos trilhos que me devolvem à raiz do nada, dos passos que se apagam no pó da estrada.

Resquícios sonolentos

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Talvez valha o silêncio de tantas noites, que em hipotermia poética, te amei nas palavras que me costuravam o peito, em debandadas de pássaros famintos de uma tórrida paixão. Talvez fossem apenas resquícios sonolentos de um prazer mundano a escorrer na pele, o desejo subcutâneo, em trémulas carências que se despem ao desengano de tudo quanto é profano e nos reduz a sanidade mental. Talvez tudo não passe de um equívoco estranho, o amor, tecido a pano, num abraço suspenso sobre a marginal.

Tristeza

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Não me grites...

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Não grites...não me acordes o coração do silêncio em que repousa, se não é para te amar porque me gritas? Porque insiste a tua cobardia em roubar-me o meu sossego? Não tens olhos que vejam mais do que o teu próprio umbigo....Não há amor que resista à arrogância do medo...porque sou mais feliz só... do que contigo....