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A mostrar mensagens de junho, 2020

Despedida

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Abro a gaiola do coração ao sentimento. Já não faz sentido o incerto. A ausência que se demora. Na pele o toque adormecido. Renasce de saudade vestido. No corpo que a alma devora. Expande as asas fora do peito Num voo raso em defeito Na lágrima que já não voa. Despeço-me de ti, amor ausente Resta a seiva ainda quente Da promessa que se quebra nua. Parte-se a âncora ao destino Juntos não somos caminho Somos sol e lua.

Bossa da despedida

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Foi bom, o que foi e já não é Se só se mexe um pé Nunca mais se avança a estrada. São estrelas que o horizonte acendeu Talvez se iluda o céu Numa nova madrugada. São cinzas de um beijo que ardeu Desejo que a pele despiu No afago da saudade. Ausências que levo em desconforto Despede-te do meu corpo Injecta-me a liberdade.

Bossa só

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Estou só A solidão é o meu pranto Vivo neste deserto Como os ponteiros do tempo. Estou só E tudo me faz vazio O corpo a tiritar de frio Treme a voz ao sentimento. És pássaro de fogo Alma alada Eu sou alma amarrotada Que não quis voar no vento. És tu, a razão do meu tormento Nao te vejo já faz tempo E a saudade marca a hora. E se o meu olhar cruzar no teu Dispo no meu corpo o céu E mando a solidão embora.

Aguarela

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Plantei nos poros da pele atrevida Entre a seiva da vida Os mais mais mansos pinhais... O canto dos pássaros em surdina A melodia que a alma arrepia No embalo doce dos madrigais... E o vento soprando em defeito O porte altivo do bater asas no peito A liberdade que por fim se rebela E num piscar de olhos fica na retina A dualidade entre a morte e a vida No traço preciso de uma aguarela...

Eternamente tua

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Será que me lês em cada verso lento do meu penar? Não há fogo que me incendeie o corpo na tua ausência, apenas a ilusão física do teu toque na minha demência. E a loucura trapasseira de uma vontade inata de te olhar nos olhos, numa ternura impossível de imaginar. Não partas que contigo parte-se meu coração...não saias que contigo minhas saias se arrastam pela lama...não há melodia sem canção, nem despedida para quem ama...esperar-te-ei sempre naquele pontão iluminado pela lua, onde sou eternamente tua, e não serei de mais ninguém...

Velho fantasma em hibernação

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Percorre a rua sobre as minhas penas, a sangue e lacre que escorre em gotas amenas sobre a folha de papel...Há desenhos que em traços rugosos nos arranham em esforço a pele. A tinta embutida nos poros, a ausência ténue dos contornos no mata-borrão. Talvez voasse se a neblina se dissipasse sobre a cegueira crua do deserto. Talvez o espaço arrumado no peito fosse um mergulho mais certo, à moradia de um velho fantasma em hibernação.

Beijo

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Era ardente e quase cru, a ardência desse beijo pirâmides de um vulto nu amarrado ao meu desejo.... era cinzento e sombrio em cores talhadas em prosa o toque do lábio macio no corpo coberto de rosas... era sagrado e profano demente, cruel, suícida um beijo que quase nos mata e nos renasce para a vida....

Loucuras momentâneas

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Esqueci-me de perguntar as horas ao passar pela torre das minhas badaladas dores. Esqueci-me de enterrar os meus mortos na sepultura da minha alma e ainda os trago comigo na memória simples de um eterno afecto. Esqueci-me porque o silêncio me tolda a mente numa miscelânea atempada de momentos inconscientes face ao desprendimento de mim. E a loucura? Onde personifico a loucura senão no vocábulo entorpecido do meu ego. O ego vil que me renega quando no despero das palavras o obrigo a confessar a ideotice paralela a que assiste impávido e sereno no confronto directo com o espelho da multidão. Que ironia a minha. Querer abraçar o mundo apenas com o olhar. Se a ilusão óptica não me fizesse acordar para esta realidade medonha que nem os braços abarcam. Como podes Tu cruel timoneiro deixar-me cair ao mar? Como podes tu desterrar-me de impaciências nesse mar que me suga para todo o sempre como se voltasse às entranhas de minha Mãe? Como podes Tu criar ilusões alegóricas de teorias infundadas

Tempo

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Sei que o teu tempo não é meu ...o reflexo dos teus braços são ausência sobre o corpo, e tatua-se nas horas uma saudade em peso morto. Uma estrada feita só de ida, uma espera que se quebra sem norte, nos contornos dos teus olhos delineados a despedida....É um amor que em controvérsia se fez pó e fome. E em todos os vendavais que em ti semeiam o silêncio, já nenhum chama pelo meu nome.

Voa...

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Por entre os telhados partidos desta alma onde encontraste saída. O voo raso que em medo ao desassossego então se fez despedida. Não há ilusões prescritas à lucidez que me acompanha, serei sempre o vento e a chama, da tua guarida. A contradição que ao coração abre a ferida, a lágrima ao sangue, o suor em desejo frio, a dor face ao amor rumo ao vazio. O fosso do tempo na lágrima da saudade. Voa, deixa as correntes neste corpo que já não te prende e ruma à liberdade....

Penas

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Não recolhas as penas dos pedaços que partiste, guarda apenas os momentos em que sorriste, e as horas em que amaste. O tempo se encarrega de te dar um novo céu, onde novos  sonhos florescem entre o olhar teu e as lágrimas que derramaste..

Engrenagens

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Secretos silêncios a tamborilar entre os dedos, O olhar que se espelha entre deslumbrados mundos, a sofreguidão de todos os medos Á mercê de erros, em devaneios profundos... A alma rebelde extravasa os quadris, O corpo aguenta a dura engrenagem, E sem se atrever a sair dos carris,  vai arriscando sempre uma última viagem...

Temporalidades

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Aceitamos do outro o passado, porque vem de uma temporalidade que não é nossa. Coexiste num espaço que inevitavelmente nos pertence, sem nos pertencer. E nesse espaço depositamos o enredo dos dramas reais que nos abanam a ilusão, e nos acordam para o quanto caminhámos sem chão, na esperança de suster o insustentável. Talvez seja hora de abandonar o caminho, regressa à boca a náusea do vazio no peito, a solidão por defeito, nos trilhos que me devolvem à raiz do nada, dos passos que se apagam no pó da estrada.

Amor a prestações entre segredos e raras madrugadas...

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Amo-te a prestações entre o segredo que só partilhamos os dois entre o brilho quente da lua em raras madrugadas. Mas o amor, por vezes, é uma submersão adversa que nos empurra contra a corrente até nos faltar o ar. Não há sossego no desassossego premente de cada golfada, sugada à pressa, de uma réstia de fé num misto de impaciência. Mas será o amor elevado à extrema potência, um percalço inacabado e de conflitos internos, em constante sobrevivência? Ou será apenas a vivência que em reflexos de uma magia densa compensamos no outro? O tempo é um carrasco apressado e indigente. O tempo de um tempo, sem tempo, que a tempo, não nos diz nada. O tempo que nos desacerta, nos ponteiros apressados, e nos faz passar de raspão pela vida dos outros. O tempo soberano e intransigente que nos comanda, num passo que de incerto erra a estrada. Alguma vez o tempo me voltará a consentir cruzar meus passos contigo? O mesmo céu e o mesmo chão, o fogo da terra sob o bafo frio da extinta solidão? Não, na

Penas de alma

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Talvez sejam só nevralgias paralelas aos devaneios, que em mim tecem em saudades, as penas da minha alma. Talvez, o sobranceiro erro contornado ao pecado, que em negro se adoça, à tentação de encurtar a distância, a simbiose de uma nova fragrância, o suor doce, que escorre sobre a pele amada.

Névoas

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