Loucuras momentâneas


Esqueci-me de perguntar as horas ao passar pela torre das minhas badaladas dores. Esqueci-me de enterrar os meus mortos na sepultura da minha alma e ainda os trago comigo na memória simples de um eterno afecto. Esqueci-me porque o silêncio me tolda a mente numa miscelânea atempada de momentos inconscientes face ao desprendimento de mim. E a loucura? Onde personifico a loucura senão no vocábulo entorpecido do meu ego. O ego vil que me renega quando no despero das palavras o obrigo a confessar a ideotice paralela a que assiste impávido e sereno no confronto directo com o espelho da multidão. Que ironia a minha. Querer abraçar o mundo apenas com o olhar. Se a ilusão óptica não me fizesse acordar para esta realidade medonha que nem os braços abarcam. Como podes Tu cruel timoneiro deixar-me cair ao mar?
Como podes tu desterrar-me de impaciências nesse mar que me suga para todo o sempre como se voltasse às entranhas de minha Mãe? Como podes Tu criar ilusões alegóricas de teorias infundadas numa mitologia decaída em tragédia grega? Como podes Tu dormir de consciência tranquilia quando me arrasto pelas ruelas desta vida com o corpo talhado de falsas promessas em feridas abertas pela tua própria mão? Como podes Tu encobrir o traço da saudade, se te enrolas numa inverdade, num transparência acre quase incolor? Porque não me sepultas no deserto, na areia estéril de um prazer incerto, que não cria raízes, nem remorsos de identificação?
Condena-me ao exílio permanente, apaga de mim o teu olhar descrente, e deixa -me seguir no vento como peregrino em libertação....ou esquece apenas o meu rosto, o beijo sabendo a mosto.... o amor precoce em decomposição.






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