Voa em mim, no deslumbramento Que o tempo me traz da tua essência; Na presença-ausência que me concedes de ti... Voa em mim, o afecto e a sorte Entre seres o meu norte Em tudo o que sobeja de mim....
Guardo o grito de uma violência calada O afecto sombrio de uma saudade assassina Em prantos talhada à língua viperina De uma alma terrenamente condenada... Não há surtos de tresloucada ambição Nem devaneios de premeditada loucura Somos o silêncio de uma acordada partitura Ao choro de um violino em acordes de solidão...
Eram mãos árduas de ausente queixume As lágrimas como sustento para temperar o pão Dos feixes à cabeça de lenha para o lume Que nas agruras do destino lhes acalentava o coração. Esqueciam os sonhos no cultivo da terra Criando os filhos para sorte melhor Órfãos de um pai engolido na guerra À mercê de uma sina sem pão nem amor...
Somos prisioneiros de uma voz antiga Uma mente dormente em moralidades subjugada.... Somos do regime a perfeita cadência De uma voz que já nasce, por si, amordaçada.... Somos a sequiosa multidão entre abutres Chupando os ossos da pútrida carne Somos os corpos em si devolutos Encarcerados sem qualquer alarde... Escorre lama e sangue entre as pedras da rua A coragem já gasta de uma alma nua Mantida a mentiras com sabor de verdade É hora da ousadia se fazer premente De arrancar os grilhões da mente E gerar no ventre a nossa liberdade.....
Trago borboletas a voltejarem-me a pele, bebendo-me o suor de cada poro, e não há respingos pálidos no brilho da tez, apenas o sorriso meigo que irradia em pleno do meu rosto..... e nos lábios o delicado aroma, que se despe em harmonia do meu seio, a melodia perfumada de um vinho antigo, com aroma de poesia misturada no mosto....