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A mostrar mensagens de janeiro, 2021

Fogo de mar

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 Repouso a pele em teu corpo,  Como um barco atracado no porto De uma fortaleza pura... São pigmentações de afectos Dois corações como tectos Abrigando a alma nua... E ficam em mim silêncios Restos de tantos incêndios Entre a pele e o olhar... A boca cumpre o desejo O salivar doce beijo Inverso fogo de mar...

Morbidez

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  Abraça-me a morbidez cadavérica dos dias As cinzas de um sangue renegado ao pó Ao ardil hipotético das epifanias De uma saudade latindo numa cobardia só... Trago na alma o responso dos meus mortos O cruel carrasco num duelo de discórdia As almas penadas que vagueiam noutros corpos  De uma vida sem golpe de misericórdia...

Talvez

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Talvez seja emancipação do silêncio O travo prazentoso e incongruente Um passado recatado eloquente, que em  amálgamas apressadas me faz pendente entre as pedras da avenida.  Talvez seja a singeleza poética de uma ode triunfal electrizante, o passo que de anão se faz gigante, o pulsar de um desenlace que em mim se faz constante, o desalinho que me faz florir as veias, o sangue que escorre paredes meias, e me desperta para a vida.

Arritmias

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São passos que se enroscam nos teus braços  Em compassos de embaraços de uma nova melodia... São toques que na pele vestem retoques  De noites que entre vozes  nos despem em poesia... E em cada suspiro a paixão,  que a alma em arritmias,  bate no coração,  as parcas horas em dias....

Transparência do fim

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Talvez o silêncio me confunda a perplexidade da alma, ao destempero inusitado de uma fruição lenta e desumana de mim... Talvez já não viva ao doce sabor dos desafios da estrada, talvez de uma forma mascarada seja a vida que vive por mim... Não sei se serão apenas devaneios de invernosas madrugadas, ou se no meio de tantos nadas, cheguei à transparência do fim...

Encantamentos

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  São raízes de um doce encantamento As asas ao sabor do vento  Espraiam-se em liberdade... São loucuras de um hemisfério atento Horizontes construídos em silêncio  De esquecimento e saudade.  E nada me julga aos grilhões no peito aberto  Roubos de alma de um futuro incerto  A lama que em mim se alaga... Somos os ponteiros da rosa dos ventos  Somos passado de futuros lentos Âncora de novas madrugadas....

Agasalho de mil poentes

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 Fiz de mim agasalho de mil poentes Saudades sussurradas entre dentes Ao toque da pele que adormece sozinha... E sob as névoas de uma velha memória Reside a épica e derradeira história De um corpo que em solidão se definha... Talvez haja o resguardo dos afectos O prólogo amaldiçoado sob os tectos De uma cidade envolta em neblina.... Talvez a dor se cale ao desassossego A fúria altiva do meu próprio ego  De uma vá loucura que é somente minha....

Tudo versus nada

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 Reflexo de uma calma atribulada O ser tudo em versus nada em vertigens complexas... Talvez a mansidão em ironia Injecte na alma vazia  As ilusões mais convexas... Barco abrindo velas ao vento Em espirais de um sentimento  Vagueando em água calma...  Como corpo nu em desapego Atracado no rochedo  Das penas da minha alma...

O entorpecimento da guerra

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 Vagueio na precaridade do tempo Remetido a um silêncio De ausências tão nuas... São passos de crus embaraços Choros e risos nos braços  No embalo de outras luas... E choram em mim saudades tamanhas O vil veneno corrompendo as entranhas O sangue pulsando da terra... Almas forjadas pelo ópio das viagens  Solidões, como rios de ausentes margens  O entorpecimento da guerra....

Carne para canhão

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Escorre-me sangue pelas pregas da alma, O silêncio atroz de uma voz à força silenciada O pão ilusório de semente envenenada, Às armas de um fogo que nem a morte acalma...  São carne para canhão, maldição, desventura A vida sem condição, desumana criatura A podridão cadavérica, ambulante genocida O velho obeso lamacento inferno,  Que por prazer efémero de fome te suga o corpo à vida...

Puritana decaída natureza

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 Gotas de uma libertação inconstante  O prenúncio amargo de um karma tardio Ser o constante desafio da saudade A boca em desejo alarve,  Retoques de um ser em perfeito vazio... Retrai o abandono parental consentido De uma lança no coração desfeito A aspereza subtil mascarada em leveza A minha puritana decaída natureza Que jaz adormecida na lápide do teu peito...