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A mostrar mensagens de setembro, 2017

Vulgares omissões

Percorro o caminho de um asfalto novo. Não levo comigo os sonhos antigos, nem os pesadelos da memória. Foi tudo um lago imenso que se afundou em mim. Nas penas que se tornaram serenas, sem que se abrissem em asas ao cair do fim. O esquecimento é uma arma letal ao sentimento. São devaneios já perdidos de uma fé que se ausenta ao equívoco apressado do que escrevi de ti. Não quero imagens do rosto, nem o decrépito sol-posto da pele desfeita ao caminho. Já nada resta da junção apressada e sombria. A pele que nos unia, gentia, de mentiras engenhosa e arrastada. Foi-se a sonoridade do brilho, ficou apenas o tanger vazio de um eco mudo sem sonoridades. A vida não guarda as maldades. Nem a memória vive de falsas histórias. Tudo se consumou à poeira das memórias, de histórias que ninguém viveu. O nosso tempo foi a lacuna de um negro céu amaldiçoado pela lua. Não há deserto sem brandura, nem vento árido sem a docilidade fresca da brisa que ri em golpes de uma boca tresloucada, a face rude de tud

Poesia de sombras

Tranca-me o silêncio. A tua voz já não emerge da profundeza das águas. Foste o corpo nu, toldado a medo, que se dissipou no segredo, das pregas da minha alma. Já nada me surpreende ou me nega a calma. A tenacidade abrigou-se ao curto afecto negado à fragilidade que o desejo inflama. Partiu-se o repositório das lembranças surdas que guardei de ti. Não resta a poesia, nem a sombra. Apenas a vulgaridade longa,a de tudo que se desfez, de ti em mim. Não julgues a despedida a uma realidade terminada. Não há volta de passos apregoada, nem sorrisos que à falsa fé se voltem a incrustar em mim. Somos opostos decadentes. A fluidez de um rio sem correntes que se perdeu antes de se fazer mar. Somos estradas paralelas, não há cruzamentos em artérias estranhas, nem mais becos onde me escondas. Sou a descoberta apetecida, aquela que se ama para toda a vida, porque a genuinidade esquecida, anda às voltas sobre o peito. E serão longas as noites, que o pensamento ao sentimento dá açoites, pela minha ausê

Dilúvios