Poesia de sombras

Tranca-me o silêncio. A tua voz já não emerge da profundeza das águas. Foste o corpo nu, toldado a medo, que se dissipou no segredo, das pregas da minha alma. Já nada me surpreende ou me nega a calma. A tenacidade abrigou-se ao curto afecto negado à fragilidade que o desejo inflama. Partiu-se o repositório das lembranças surdas que guardei de ti. Não resta a poesia, nem a sombra. Apenas a vulgaridade longa,a de tudo que se desfez, de ti em mim. Não julgues a despedida a uma realidade terminada. Não há volta de passos apregoada, nem sorrisos que à falsa fé se voltem a incrustar em mim. Somos opostos decadentes. A fluidez de um rio sem correntes que se perdeu antes de se fazer mar. Somos estradas paralelas, não há cruzamentos em artérias estranhas, nem mais becos onde me escondas. Sou a descoberta apetecida, aquela que se ama para toda a vida, porque a genuinidade esquecida, anda às voltas sobre o peito. E serão longas as noites, que o pensamento ao sentimento dá açoites, pela minha ausência no teu leito.

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