Refeita

Já não sinto a minha pele rasgar ao toque do teu corpo no meu. Já só resta a sombra da dúvida que em certezas se tornou sombria luz. A chuva que se espraia pelo rosto já não sabe a saudade mas a mudança apetecida. E em cada esperança renascida acorda o passo de um rasgo, em novo dia. Cruzamos estradas que o passado engoliu ao vómito apressado de tudo o que a memória apagou ao sofrimento. Resta apenas as palavras escritas em sentimento, ao canto do vento, as lágrimas vertidas. O desejo de que partas para outros rumos, outras paragens,  que de mim soem perdidas. Tatuei em mim um novo rumo, a amnésia de um sono profundo onde não existes tu. Soa a vazio o silêncio que em mim deixaste, mensagem bordada em pano cru. As cicatrizes são a prova de que te sobrevivi ao tempo e ao espaço em que tudo se resumia a ti. Hoje deixei de ser lascada pedra, sem traço, vinquei as raízes na terra, sou feita de marfim e aço. A dureza da mentira criou em mim sustento, ao golpe assaz lamacento, a verdade que a largo passo me afasta de ti.

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