O preço da mentira

São cidades de areia que se edificam sobre a tua pele, ao toque do vento suave que te arrepia em vertigens de um sonho demasiado frágil. Não há consentimento para a brusquidão dos afectos. Nem para erros planos de desenhar a vida com base em mentira. Com o passar dos anos a farsa cai. Esgota-se a paciência de manter as máscaras que só por aparência e interesse se vestiram. Não há falso amor que dure a eternidade. Nem que nos faça ficar quando a vontade nos chama para outras camas. Ama-se um amor despersonalizado porque é o mais fácil de manter camuflado. Mas no fim o corpo jaz cansado, há falta do afecto que por mão errada foi dado. Ao preço demasiado caro pelos anos que não sentimos vivo o sorriso nos lábios, mas somente a dormência da alma. O penhoramento do coração, que de sombras se embrenha. Valerá a pena o fingimento de um amor que em nada ama. Valerá a pena abraçar um corpo que em nada nos veste, nem no prazer fugaz de um desejo rápido despido de sentimento. A verdade é que o engano é sempre maior para aquele que julga ter enganado. Não é nem metade do furação que se apregoa. É um pobre coitado sem coragem de assumir a verdade que lhe aterra o peito. Que o queima em desejo só de pensar. Mas a verdade é que o regresso será à cama da mentira onde um dia por cobardia assumiu um amor nunca amado. Agora vive ardentemente a dor de não ser amado. Porque a consciência lhe pesa no amor que nunca amou e que sabe que não lhe abarca o peito não lhe estimula o ardente desejo o corpo esbelto, moldado, que em noites se perdia não querendo ser encontrado. Há quem perca por hipocrisia o lugar onde se havia encontrado. Mas hoje o corpo voa no vento e não faz perspectivas de ser encontrado, perdeu o rumo e ganhou nova vida a seu lado.

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