Desvontade

Vestimos o silêncio na pele que nos rasgam do corpo. Na carícia que qual peso morto nos faz sangrar ao sentimento. Recoso o coração ao tempo e deixo a náusea passear-se na alma, à vertigem que acalma a mente. Não há regresso ao passado. Tudo o que não foi vivido, foi porque o tempo foi da desvontade aliado, e não quis partilhar o momento. Tudo se desmorona ao toque gélido da mão que nos ilude na cegueira de uma entrega sem retorno. A terra não engole o mar, porque há nele a revolta do desconforto. O triunfo de uma vontade que se impõe, em tempestades. Quando por más vontades nos agrilhoam a um destino que não pretendem viver. Existe um fosso entre nós. Uma selva incontrolável, suicida. A derrocada que entre nós tornou a vida, não partilhada, mas repartida. E se à rebeldia do sentimento que trago no peito, terei que ser desfeito, que por hoje o seja, mas que tenha de vez a coragem da despedida. Quem ama não esquece, persiste, não abandona, insiste, para que a caminhada seja em passos iguais. O mesmo chão, os mesmos beirais, o voo certo no mesmo horizonte. Tudo o resto é o ajuste que da vida faz parte, sermos norte e poente, o esboço e a arte. Mas a loucura do amor entre nós rui e nos fez um mundo à parte.

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