À tela da minha alma, iluminura do meu mais secreto amor

Vejo-te passar por entre os respingos dessa chuva fria acordando o corpo quente. Nada em mim desagua tão facilmente como o desejo inacabado de ti, nesta mente que te sonha em suspiros de um prazer alarve e mundano.
Inspiras-me o desassossego de uma loucura premente entre a tua pele e a minha; numa languidez exacerbada a um toque que me queima sem me tocar, a língua viperina que me apimenta a saliva a cada beijo. Somos a instância selvagem que nos sacia em cada golfada de nós; a loucura e a exaustão, saliva, suor e degustação. Desejo.
A fruição desajeitada de um amor que se derrete num calor escondido em vertigens no meu peito. Não posso dar-me ao luxo de escancarar ao vento a tórrida eloquência de te amar sob um chão de estrelas banhadas pela lua. A maciez tentadora da pele na pele. O afago desmedido que me enlouquece num esquecimento de mim. És tão real quanto hipotético. E eu quero-te nos desejos sequiosos da terra árida face à chuva. Quero-te em todos os impossíveis irrisórios que me arrepiam o seio ao calor da tua boca. O toque da língua a sorver-me a pele, em cada centímetro de desejo que em ti desperto. Entre roupas que se despem na pressa consentida, trocada entre olhares que se entregam desmesuradamente. Quero-te entre os ponteiros de segundos que ninguém viu, numa tenacidade exasperada a um prazer que de proibição se transmuta em maior anseio, numa paixão descontrolada e permitida. A boca salivando a vontade entre mútuo desejo. A pele ardendo ao toque dos dedos. O arrepio dos sentidos em estímulos de um enlouquecimento que só nos encontra a nós. Devoro silenciosamente o corpo já despido de tabus face à ardência que hipnotiza a razão. Aprendi a amar-te à pressa, sem consciência que me tolde entre o certo e o errado. O amor é a liberdade mais pura de nós. A fusão perfeita de dois corpos que se encaixam em contornos que se fundem entre si, numa tenacidade que nos despe do mundo, numa apoteose nirvânica que em suspiros se denúncia etérea.
Amar-te-ei, secretamente, em todas as luminosidades e sombras que a vida me deixar fruir de ti. Na sobriedade de um ângulo obtuso demasiado acentuado, que se esbate lentamente, na suavidade dos contornos face ao tornear discreto de um corpo entre sombras. Na sensualidade de um estímulo exacerbado na premência estonteante que nos atiça os sentidos. Eduquei-te a alma no sublime toque. O delicado sentir preso no decote, no seio que brota em esplendor a fugaz paixão. És tela entre as mãos amanhecida, renascida de fragmentos invernais. A pincelada perfeita no expressionismo deste amor cubista. Serás sempre a metade da minha pele cozida à mão na perfeição cromática de nós. E eu serei o segredo que partilhamos entre as nossas bocas, entre murmúrios de um prazer que nos dilui aos dois, entre os pigmentos das cores adensadas na alma. Sugar-te-ei em cada poro na volúpia intransigente de quem se entrega à loucura de te ter apenas por breves instantes, sobre o meu corpo, numa carnalidade apressada que imprime na tela da alma o sabor agridoce entre ambiências profanas e sagradas que me ressuscitam o corpo à secreta transpiração de ti…

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