Emoldurado a nu

 Desceu  a rua entre dois passeios paralelos à sua própria e sombria alma. Nada lhe restava dizer, a não ser o eco mudo nas suas entranhas, remoendo a luz fronteiriça das persianas do olhar. Nada, reflectiu. Nada que  pudesse ser tão absurdo como pescar pássaros à sombra de uma nuvem. Nada que pudesse dilatar o âmago dessa loucura em vias de expansão. Nada a não ser a repulsa no olhar alheio, espreitando entre frechas do seu próprio corpo, emoldurado a nu.




(Texto: Elis Bodêgo, pintura: FLuis Candeias)

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