São bocejos serenos, os toques amenos, do calor do desejo na pele; a solidão que se afasta ao mergulho, de um silêncio quase absurdo, dos ecos das tuas asas no céu...
Serena dor! Minha companheira de eternos vendavais, de invernias internas, de desilusões abissais... perdi a conta às noites, em que aprendi a saber de cor o afago dos teus dedos a tamborilar na pele, quando o véu das insónias me empurra contra o negro infinito. E não sei mais quantas noites vou debruçar-me no teu regaço em almofadas de lágrimas e cansaços e ausências minhas. Sou feita de tantos trapos, de tantos enganos, de tantos pedaços... E cansei-me de ser o que sempre por genuinidade fui... Cansei-me de lutar contra a corrente, quando o sal das lágrimas me inunda o peito e me corrói a alma à mercê de julgamentos que não me preenchem. Aceito melhor a solidão do que a companhia interesseira que me suga a luz que ainda me resta no olhar, entre as raízes e o esvoaçar das asas, que reprimi, na incapacidade da ausência. Será que valeu a pena anular-me, entregue aos desassossegos constantes, às preocupações alheias, quando me sinto na transparência do vidro... Enxergam através de mim co...
Dentro de mim ausências e dores De infinita solidão Contornos de palavras que não proferi Talvez o tempo seja essa imensa ilusão De guardar tantos nadas dentro de mim... Trago a voz embargada de silêncio E na mente vozes que me convidam À loucura desmedida e abstracta De abutres que a sanidade me debicam.... Ando nauseabunda em apática sinfonia Talvez siga esta chuva enlameada e fria Aos pés que se arrastam pela estrada... Ando em desencontros de alma sombria As raízes presas à vulgar monotonia De tanto que fui traduzido em nada.... (Em memória de tantos que partem sem conseguirem exorcizar as vozes que os condenam ao fim)...
Meu querido anjo, meu fiel amigo Foste entre agruras o meu doce abrigo O olhar atento a refazer-me o chão... Sabias de cor o meu ser em defeito E tu eras para mim o ser mais perfeito Que eu abrigava serena em meu coração... Partiste, e no rosto banhado a lágrimas Escrevo na escuridão destas páginas Onde sou fantasma de tantas luas... E num lamentar sangrento e imperfeito Na negra dor plantada no meu peito, Só moram, em desalento, saudades tuas....
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