À tela da minha alma, iluminura do meu mais secreto amor
Vejo-te passar por entre os respingos dessa chuva fria acordando o corpo quente. Nada em mim desagua tão facilmente como o desejo inacabado de ti, nesta mente que te sonha em suspiros de um prazer alarve e mundano. Inspiras-me o desassossego de uma loucura premente entre a tua pele e a minha; numa languidez exacerbada a um toque que me queima sem me tocar, a língua viperina que me apimenta a saliva a cada beijo. Somos a instância selvagem que nos sacia em cada golfada de nós; a loucura e a exaustão, saliva, suor e degustação. Desejo. A fruição desajeitada de um amor que se derrete num calor escondido em vertigens no meu peito. Não posso dar-me ao luxo de escancarar ao vento a tórrida eloquência de te amar sob um chão de estrelas banhadas pela lua. A maciez tentadora da pele na pele. O afago desmedido que me enlouquece num esquecimento de mim. És tão real quanto hipotético. E eu quero-te nos desejos sequiosos da terra árida face à chuva. Quero-te em todos os impossíveis irrisórios que...