Afectos em amor tatuados ao toque da tua mão….


Houve tanto em nós de desassossego como de solidões. Deixamos acobertar a medo a capa imposta em segredo, que cega o coração às tentações. E o tempo era o meio enlamear de lágrimas e desespero, a sombra negra da noite, o desvelo, de tantas horas mortas por imensuráveis decepções. Talvez hoje ainda tenhamos desse tempo o voo da liberdade nos braços. Talvez ainda nos morda o coração às horas pálidas pelo cansaço, em que a solidão nos tomava num abraço tão só nosso, no egoísmo prático de quem congelou o peito, e nunca se deixou ser dois...
Chocamos por mero acaso os sorrisos numa dessas ruas da avenida. E o olhar ficou deposto em fantasia, suspenso sobre o teu olhar. Ainda hoje remordo o lábio à safadez que a vida teve de nos entrelaçar os corpos.  De nos fazer mosto de um vinho novo, que com o estágio perfeito, seria premiado de afectos e de conjunturas face a uma solidão que se desfez. Passamos de náufragos de um barco partido pelo marear do vento, a porto de abrigo de um lar em sentimento, edificado em nós. Havia tanto de concreto em cada afecto, em cada toque que a pele arrepia, antes de se ultrapassar a linha sensitiva, que na alma imprime a tua imagem em doce tormento. Somos o pranto e a chuva, as lágrimas depostas nos sorrisos de uma pele madura, que se despe pelo chão do quarto.
Não quero da vida as simples metades. Somos o uno, inteiro, que se fundiu no horizonte. O completo ser que se fez fonte, de vida plena em cada raiar de um novo encontro. Adormeço no afago que o teu corpo embala. O bafo de uma maresia quente, num luar de estrelas cadentes que nos ilumina a alma. O beijo ardente que de sôfrego me faz crente, de um amor ausente, que julguei perdido. Por isso, escreve-me na pele todos os poemas, que em horas amenas os teus olhos recitam comigo. Faz de mim guerreira de uma paz sem guerra, o odor da terra, a amante ou o fiel abrigo. Planta açucenas entre as minhas veias, o mel das colmeias, deposto em teus lábios. E se a vida nos permitir o tempo, que sejamos vento, promessa de um sentimento sem qualquer castigo. Que sejamos o princípio sólido e transparente, de duas almas em simbiose permanente, de um amor sem anunciado fim. Num caminho, onde juntos seremos as letras de tantos poemas, em afectos polvilhados de açucenas, das mais lindas penas, que bordei em mim.

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