De safio o tempo a me dar tempo para partilhar contigo. O tempo que a mero merecimento se torna escasso, na partilha desmedida do abraço com que em gratidão te agradeço a vida. A reviravolta das lembranças que me arrancas a cada novo trejeito que o teu rosto ganha ao ser esculpido pelo tempo. O perfeito traço que se desenha em ruga sobre o rosto, quando ao tempo a idade já não perdoa. A trama de um silêncio que conheço de cor, quando na vertigem do cansaço, se aninha sem espaço, as memórias que em afecto se tecem no coração, num amor devocional e gratuito, de quem correu mundo para que o nosso mundo fosse melhor. Quem por intempéries e lágrimas escondidas nos fez ganhar vida e ser alguém. Não há amor maior, para o qual não se consegue medir o valor, nem a doação por inteiro, de alguém que se fez esteio e na partilha nos deu um chão, um tecto, uma mesa e um lar. Não há gratidão que se meça ao sentimento. Não há dedicação que chegue, a quem se despiu de si, para vestir os filhos. A quem ...