Paixão
Adoro os silêncios que nas horas dormentas me perfumam a pele, nas memórias que os sorrisos trazem de ti. São curtos os espaços de tempo em que te evaporas entre os dedos, na doçura apressada do reencontro. A estrada a dois caminhada. O bater cadenciado de um novo sopro ao coração. A alma em prata lavrada, numa esperança renovada de uma renascida condição. Em nós o tempo adormece no afago impreciso das horas. No olhar que se prende na teia de um fácil sorriso. Talvez o tempo seja o certo, e o lugar concreto, que dá essência à paixão. O toque debruado na pele, num desejo que a medo, nasceu do dia para a noite. No luar que desperta a ousadia de um beijo imprevisto, que nos faz ganhar asas ao patamar desconcreto da imaginação. Talvez sejamos os avessos mais direitos, que em contrários, reescrevemos a mesma direcção. Talvez sejamos as dobras do cansaço, que entre abraços, se resignam aos trampolins de um profano sagrado em oscilações entre a alma e o coração.
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