Cadências de alma em vertigens de dois corações

Somos os tormentos paralelos de uma raiva em uníssono contida. Corremos os rios de mosto, as estradas em fogo posto, sob os candeeiros da avenida. Somos os vitrais das montras matutinas, as pedras já polidas pelas varinas, no pregão que se fez eco sobre o vento. Somos a liberdade de uma escolha que à vontade deu asas ao sentimento. O bater das ondas sobre o corpo, o despido frio, face ao desconforto, da nudez que pelos ombros nos abraça. Somos na pele o arrepio, num toque consentido e meigo desafio, do vento intruso pela vidraça. Somos os parcos passados inquietos, de um riso escancarado verso, de um segredo que se tornou sossego ao toque da pele deposto. A chama quase altiva, que devora na intensidade da vida, a timidez ao rosto. Somos o pretexto desconexo, da moeda o reverso, entre as pétalas que se desfolham ao sopro do Outono. Somos as luzes de inquietas sombras, a dança dos reflexos entre as formas, as geométricas incógnitas que se desenham pelo pó da terra. Somos a destemida pa...