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Meu coração

Meu coração não é de ninguém... Miradouro sem dono Janela de enfeite Riso de desdém Que ao perfeito abandono Perdeu o deleite Ficou sempre aquém..

Canção a Viana do Castelo

Imagem
Cidade de encanto És tu oh! Viana Tecido o teu manto Em frágil filigrana. Vielas estreitas Serpenteiam solares És história Rio de memória Sob os teus altares. Trajada de noite Em prata luar Aos teus pés Beleza que clama Rio que abraça o mar. Vitrais sob o monte Vestidos de luz De Santa Luzia A cidade vigia O coração de Jesus. Viana te rogo Em doce penar Que a Senhora Guarde noite e dia Quem sai pró mar. Viana de perto ou distante Nascido em teu ventre Serei para sempre Teu fiel amante.

Devaneio...

Oh! Volúpia atroz dessa caminhada Do vulgar destino das minhas ausências Da cama lavrada entre pedras duras Personificada pela minha demência... Oh! Orgulho infame mal-aventurado Dobras de um passado perdido de mim Saudades prementes das tuas memórias Onde alcanço glórias de um eterno fim

Condenação

Vivemos, tantas vezes, à mercê de uma alheia sorte, e nem na morte, deixam terrenamente de nos condenar. Seremos sempre o produto inacabado de uma sociedade que nos corrompe, que nos molda e que nos destrói. Somos seres rotulados à nascença, como se nos tratássemos de uma doença que ninguém quer contrair. Rotulamos a raça, a sexualidade, a cultura, hierarquia, etc… tudo serve para nos tornarem diferentes ou não aceites. Tudo serve para nos usarem como carne para canhão. Para sermos a margem de um rio que nos banha a sangue. Não é a sexualidade, nem a cor da pele, nem a riqueza que define o ser humano. O que define o ser humano é o carácter. O carácter não se implanta, não se finge, tal como a humildade, é inato, vem de dentro e ou se possui ou nem adianta forjá-lo, porque a forma será imperfeita por natureza. Procuramos copiar culturas da descultura. Envergonhamo-nos do bem que podemos fazer e não fazemos. Talvez porque o ser humano tenha mais capacidade para se deixar tentar pelo

Monólogo esquizofrénico...

A cena retrata uma pequena sala. Ao fundo um sofá, um candeeiro de pé alto e uma mesa com o tampo apinhado de papéis e um cinzeiro. Fernando – Quantas vezes debrucei o meu cigarro neste cinzeiro e fiquei impávido a olhar a luz do candeeiro? Sei lá. Inúmeras vezes acordo neste sofá com os olhos hirtos, queimados pela luz pálida do meu candeeiro. Fico a olhar a luz, à procura de respostas. Respostas às minhas confidências, aos meus anseios. Neste papel imundo do meu deboche, transpira ainda a minha fugaz imaginação decadente do puritanismo medíocre da sociedade. Mas e quem sou eu? Apenas um critico analítico da minha própria pessoa. O meu nome é Fernando, vivo neste velho buraco a que chamam apartamento. Na minha modesta opinião, não se devia chamar apartamento mas compartimento. Os arquitectos de hoje, não projectam edifícios, mas caixas de fósforos com janelas minúsculas de onde nem o sol consegue espreitar. E logo eu, que toda a vida sonhei com um espaço aberto, propenso a deixar-me

Amo-te

És por-do-sol sobre o mar Barco a navegar À saída do porto Sou mais fogo que ar Ai, se te pudesse amar No calor do corpo Amo-te No desejo que não vês Se te levam as marés Nos ventos seus... Amo-te Sou mais brisa que luar Quem me dera repousar Teus lábios nos meus Sei de cor os teus traços A força do abraço O toque da pele Navego em teu corpo Como frágil louco Barco de papel Sorveria em beijos Todos os desejos Que se despem de mim Vampiro infame Fervendo o sangue Da paixão em ti....

Quero amar-te

Entre vozes perdidas Trago palavras esquecidas Que não soube dizer Vejo nos teus olhos Um mundo de sonhos Em que podia viver Quero amar-te Sou esboço e tu a arte Que se molda em mim Quero amar-te Ser o todo da parte Que me prende a ti Suspenso entre desejo Na ardência do beijo Que incendeia a razão Vivo adormecido Neste vil castigo Dos pés presos ao chão Somos barcos na água A névoa e a mágoa Que ficou de nós A promessa desejada De uma história encantada Que perdeu a voz

Adeus

Adormeço preso em teu olhar No segredo do lábio amanhecer Nas curvas de toque invulgar Na pele que promete prazer Adormeço longe dos teus braços No desejo que já sei de cor Corpo desfeito em cansaços Entregue de novo à dor... A vida já não me olha nos olhos A vida já não quer saber de mim Foram mais desgostos que sonhos Presentes na ausência de ti... Praia revolta em vento Chuva que me cai no rosto Lembrança em desalento Do beijo sabendo a mosto Voas-te quando quis prender-te Gaivota rasgando os céus A dor foi mais que perder-te Foi dizer-te adeus....

Dispo-te de mim...

Quando passa o desassossego da vida, deixam-se secar as lágrimas...num desapego calmo que nos transmite uma paz interior e nos faz deixar voar o que aprisionamos junto ao peito com o medo inevitável de perder....liberto-te de mim numa realidade pincelada a sonho nas palavras mais sentidas que me envergonhei de dizer....