Sombra

Estorvam-m nos dedos as palavras
o gesto inqualificável do abandono
o pórtico deserto que se abre
numa face despida de sono.

Agarro a chama incauta e serena
O vulto esquecido pela solidão
o póstumo vínculo enlouquecido
pelos devaneios da tua mão.

A voz adormecida da demência
o silêncio deposto sem razão
na face de uma gentil utopia

Como um gesto em cadência
gravado a ferros num coração
de uma sombra vulgar de sombria.

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