Calejado esquecimento

Perdi tanto de mim Que são mais noites que dias Que levo no travo amargo da memória. Dói-me na pele o abandono O colchão de pedra onde engano o sono De um leito de rua feito já sem história. Não me seduz o brilho da riqueza Sempre fui afeito à dignidade e à pobreza Numa mocidade de trabalho e de sorte pouca. Trago as mãos calejadas de sofrimento De um ser forjado ao esquecimento A mendigar o pão que se leva à boca.