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A mostrar mensagens de maio, 2018

Jardim secreto

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Chegaste como um todo sem qualquer à parte. Na volúpia que derrete os sentidos. O encaixe dos corpos diluídos, a subtil arte. Como quem molda o coração fora do peito, nas pétalas de uma singela flor, num jardim secreto, onde vivemos um dentro do outro, amor.

Beijo deposto entre nossas bocas

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Despe-me da pele os contornos, que a luz dos teus olhos, reflete em mim. Descreve-me em suave poesia tamborilado na seiva ardente de ti. Somos noite e dia. Céu e chão. Coragem e cobardia. E nas vertigens da vontade que debroamos a medo, nascem asas que me enfeitam o peito, num malabarismo perfeito, de tantas noites loucas. E nas entrelinhas, de histórias só nossas, esconde-se o beijo, e m silencioso desejo, deposto entre as nossas bocas.

Devaneio...

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Tenho sonhos...Tenho chão e tenho vento. E sou canção, composição em sentimento. A pulsação que se insinua ao firmamento. O céu na mão...As estrelas no coração...E a alma em plena libertação, o encantamento. E ninguém, mais do que a mim, me tem, só eu...

Apoteoses do estrelato

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Fartei-me do efeito da lua nas marés Quero o solo firme da terra sob os pés E que se danem as apoteoses do estrelato. Quero a adrenalina da língua viperina Na loucura do coração, a batida Da pele despida no número exacto.

Pirilampos na pele

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Trago pirilampos incrustados nos poros da pele, à ausência do teu brilho sobre os parapeitos da minha alma. E nunca as sombras foram tão negras como agora, no peso do silêncio que a tua boca devora, na fragilidade do meu peito, o sentimento a toque incerto, melodia que não me acalma....

Voz da Liberdade

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Não me leves os cravos que Abril deixou. O florir da liberdade como uma quimera. A alma que o povo libertou entre armas de uma falsa guerra. A fome que de sangue manchou o pão. A palavra que a foice castra, há pátria sem coração, restou apenas um pequeno voo de asa. Não partes por ver partir, o sol que na timidez do mundo se enrola, jaz o moribundo, pássaro, na gaiola. Mas entre as pedras ressoa aflito, o desmentir atento de uma inverdade, no pulsar do peito um último grito, a voz pujante da liberdade.

À deriva

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Sinto-me barco de um vazio convés. Trôpego entre a fúria das marés. Que na pele dos dias se arrastam em tons de céu. Amei-te entre ciumentos vendavais, a calma que me afogou junto ao cais, entre as asas de ĺcaro e as correntes de Prometeu.

Velha estrada

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Caiu entre nós uma cortina pesada... já não te sinto com a mesma intensidade, nem te vejo com a transparência que no teu olhar se denuncia... Foram longos os passos que nos juntaram, entre acasos assinados pelo destino, e a fugacidade em que hoje me encontro. O tempo levou-me rumo ao nada, abriu-se em mim uma velha  estrada, entre nós, a ténue linha do desencontro....