Vulgares omissões

Percorro o caminho de um asfalto novo. Não levo comigo os sonhos antigos, nem os pesadelos da memória. Foi tudo um lago imenso que se afundou em mim. Nas penas que se tornaram serenas, sem que se abrissem em asas ao cair do fim. O esquecimento é uma arma letal ao sentimento. São devaneios já perdidos de uma fé que se ausenta ao equívoco apressado do que escrevi de ti. Não quero imagens do rosto, nem o decrépito sol-posto da pele desfeita ao caminho. Já nada resta da junção apressada e sombria. A pele que nos unia, gentia, de mentiras engenhosa e arrastada. Foi-se a sonoridade do brilho, ficou apenas o tanger vazio de um eco mudo sem sonoridades. A vida não guarda as maldades. Nem a memória vive de falsas histórias. Tudo se consumou à poeira das memórias, de histórias que ninguém viveu. O nosso tempo foi a lacuna de um negro céu amaldiçoado pela lua. Não há deserto sem brandura, nem vento árido sem a docilidade fresca da brisa que ri em golpes de uma boca tresloucada, a face rude de tudo e nada. O coração vazio. Arranquei as cordas ao destino para não me massacrar a alma a desafinados acordes. A redundância de melodias disformes, às quais esqueci os nomes, face à um passado decadente. Longe a visão é deprimente, de tudo que em ti fui precariamente, ao abandono que na tua pele despi. Não te conheço, nem quero saber de ti. Foste o erro que cometi em liberdade, de um amor feito em omissões de verdade, que sem fazer alarve, descobri. Enterro-te ao cair da noite, na tumba fria de uma pouca sorte, a estrada onde nos cruzamos por infortúnio, os dois...entre luares e nasceres de sóis... O passo apressado da despedida.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Ao meu anjo 🖤

Ao meu Anjo...